Vacinação de professores em cidade do Piauí cria polêmica com secretários de Saúde

A prefeitura do município de São Raimundo Nonato, a 530 km de Teresina, realizou com muita festa e propaganda a vacinação de todos os trabalhadores da educação contra a covid-19. A cidade foi a primeira - e até aqui a única do Piauí - a aplicar doses para professores.
Realizada no último sábado (22), a vacinação na modalidade drive-thru teve até música ao vivo com um sanfoneiro contratado pela gestão municipal para animar o evento.
No entanto, a aplicação das doses para professores em São Raimundo Nonato tem levantado questionamentos de vários secretários de saúde de outros municípios. Eles querem saber como a prefeitura de São Raimundo conseguiu doses suficientes para vacinar seus profissionais de educação se nenhum município do Piauí recebeu remessa específica para esse público.
A Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi) assegura que o Ministério da Saúde ainda não enviou ao estado doses para o grupo de trabalhadores da educação.
A prefeitura de São Raimundo Nonato informou que foram vacinados 1.002 profissionais de educação, porém, diz que não recebeu vacinas para esse público. Segundo a prefeitura, o município concluiu os outros grupos prioritários, inclusive os de pessoas com comorbidades, e decidiu avançar na vacinação para os trabalhadores da educação.
Questionada, então, se sobraram doses dos outros públicos e essa sobra foi usada nos trabalhadores da educação, a gestão municipal respondeu que "foi dado continuidade no cumprimento ao Plano Nacional de Imunização, como manda o Ministério da Saúde".
Os secretários afirmam que estão sendo cobrados nas suas cidades para vacinar os professores, sem que seus municípios tenham doses disponíveis para esse público.

Segundo a secretaria, o órgão repassa aos municípios as orientações do Ministério da Saúde para todas as remessas de vacinas encaminhadas ao estado do Piauí, no entanto, não participa da execução da imunização dos grupos, sendo essa de responsabilidade das prefeituras.
A Sesapi garante que não mandou nenhuma dose a mais para o município de São Raimundo Nonato aplicar em professores.
Ele disse que em São Raimundo sempre houve um cuidado para não vacinar pessoas de outras cidades. Ainda conforme Jussival, quando as vacinas destinadas aos quilombolas chegaram, o município já tinha vacinado várias pessoas dessas comunidades por ter seguido a vacinação nas faixas etárias, já incluindo quilombolas.
Nesse caso, segundo Jussival, as vacinas foram sendo "guardadas". Ele ainda apresentou uma outra justificativa: a de que houve recusas de pessoas em receber a dose contra a covid-19 ao longo da vacinação e assim as doses recusadas também foram guardadas. Quando já tinha um estoque suficiente, ele decidiu aplicar nos trabalhadores da educação, cujo grupo integra a lista de prioridades no Plano Nacional de Imunização.
Sobre a pretensão de alguns secretários acionarem o Ministério Público para que a Prefeitura de São Raimundo explique como conseguiu as doses, Jussival ironizou. "Olha só! Eu ir na Justiça esclarecer porque estou vacinando o povo kkkkkkk", escreveu em tom irônico.