Gilberto Dias, o sanfoneiro danado de bom que encantou gerações

04/09/2025

Há 17 anos, no dia 4 de setembro de 2008, a sanfona de Gilberto Dias silenciava em São Raimundo Nonato, deixando órfãos os palcos do Piauí, Bahia e Pernambuco de um dos maiores talentos que o Nordeste já conheceu. Nascido em Dom Inocêncio, em 1965, Gilberto cresceu entre sons e raízes, transformando-se em um verdadeiro gênio da sanfona — assim lembrado pelos amigos, colegas de profissão e admiradores.

Um gênio da música nordestina

Com apenas 12 anos já dedilhava os primeiros acordes, e a partir daí, não largou mais o instrumento que o consagrou. Dono de um estilo único e de um carisma inconfundível, tornou-se atração garantida em vaquejadas, festas populares, casas de show e grandes eventos.

Era um gênio na sanfona, apresentei seus shows várias vezes nessa região, um grande amigo. Hoje faz 17 anos de sua partida para outro plano. Gilberto Dias foi o melhor sanfoneiro que vi tocar. Todas as vezes que vinha a São João do Piauí, eu o entrevistava, ele dizia: 'Adersinho, o locutor do povão'", relembra o comunicador Adersinho, uma das vozes que mais acompanharam sua trajetória na região

Shows que arrastavam multidões

Quem viveu os anos de ouro do forró pé de serra no sertão nordestino sabe bem: quando o cartaz anunciava Gilberto Dias, a festa era certa. Seus shows em Petrolina, Juazeiro, São Raimundo Nonato, São João do Piauí e região eram garantia de grande público, com fãs que se deslocavam de cidades vizinhas apenas para ouvir o som contagiante de sua sanfona.

No palco, Gilberto não apenas tocava — ele hipnotizava. O suingue forte, a energia vibrante e a alegria transmitida em cada apresentação fizeram dele um ícone regional.

Legado eterno

Gilberto Dias dividiu palco e estúdio com nomes lendários como Dominguinhos, Genival Lacerda, Alcymar Monteiro e Jorge de Altinho, levando o nome do Piauí para os grandes cenários do forró. Sua música, porém, nunca perdeu a essência popular: era para o povo e com o povo.

Até hoje, músicas ecoam em festas, rádios e corações, como um hino de pertencimento às raízes do sertão.

Saudade que não cala

Dezessete anos se passaram, mas a lembrança de Gilberto Dias segue viva. Ele permanece como símbolo de autenticidade, talento e amor à cultura nordestina. Sua sanfona, agora silenciosa, ainda é ouvida na memória de todos aqueles que tiveram o privilégio de vê-lo tocar.

Gilberto Dias não foi apenas um músico: foi um patrimônio cultural da região. Seu nome continua inscrito na história do Piauí e no coração de quem, um dia, cantou, dançou e se emocionou ao som de sua sanfona.